sexta-feira, 3 de maio de 2013

Nudismo gospel?


Pois é! Não são poucas as notícias que correm pela internet contendo reportagens e depoimentos de adeptos do “naturismo gospel.” Dizem não haver nada de mais em homens, mulheres e crianças circularem tranquilamente como vieram ao mundo, por parques e praias destinadas ao naturismo gospel. Sem falar nos momentos de “culto” onde cantam, lêem a Bíblia e “meditam”(?) nas Escrituras. Teriam eles apoio bíblico para tal prática?


            Certa vez, um colega do trabalho questionou-me acerca de um profeta que ele não lembrava quem era, mas que havia andado nu. Ele estava falando de Isaías (Is. 20.2). Esta passagem NÃO é base para a prática do nudismo gospel. Ela é fácil de compreender, basta ler o contexto, ou seja, todo o capítulo 20 de Isaías, que possui apenas seis vs. Nesta passagem (como em várias outras) o Senhor quer transmitir um recado para seu povo através de uma ilustração: Assim como Isaías andaria nu e descalço, por sinal e prodígio dos três anos de humilhação que sobreviriam ao Egito e à Etiópia quando fossem conquistados pela Assíria. O povo de Judá perceberia, então, a insensatez de confiar na proteção do Egito contra a Assíria. Pois bem, o “nu” que está descrito em Is. 20 refere-se a uma roupa de baixo, ou seja, uma vestimenta/túnica simples. O cilício era um manto de tecido grosseiro, usado em ocasiões de profunda tristeza (Is. 3.24) e estaria sobre esta roupa de baixo.

            Outra passagem é a de João 21.7, onde nesta ocasião após a ressurreição do Senhor, os discípulos estavam pescando no mar de Tiberíades. Após uma noite sem sucesso na pesca, já pela manhã Jesus se apresenta a beira da praia e pergunta se há algo para comer. Após ser reconhecido por João (aquele discípulo a quem Jesus amava), Pedro que estava “nu” cingiu-se com sua túnica. A palavra “nu” em apreço (gr. gumnos) refere-se no original a uma pessoa que está trajando uma túnica (inferior) justa no corpo e não tem outra peça de roupa sobre ela (J.Strong – dic. grego nº 1131). W. E. Vine define a mesma passagem como “vestido só com roupa de baixo” com a veste exterior colocada à parte.

            A bíblia sempre apresenta a nudez como algo indecente. Isto não ocorre “apenas” quando Adão e Eva viviam no paraíso, no período da dispensação da inocência, antes de pecarem. Embasar na Bíblia a prática do nudismo gospel é mais que péssima exegese, é falta de temor e tremor.


Em Cristo,
André Gonçalves.


Bibliografia:
MacDonald – William – Comentário Bíblico Popular AT – Mundo Cristão – Pág. 644
Vine – W. E. – Dicionário Vine – CPAD – Pág. 824

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